Projecto JDZ.lab
Residência artística no The Opposite Studio em Jingdezhen
setembro de 2019
Beatriz Horta Correia
Graça Pereira Coutinho
Susana Piteira
Bolsa de curta duração
Residência artística no The Opposite Studio em Jingdezhen
setembro de 2019
Beatriz Horta Correia
Graça Pereira Coutinho
Susana Piteira
Bolsa de curta duração
Chegámos dia 4 de Setembro a Jingdezhen, onde fomos recebidos calorosamente na estação de comboio pela coordenadora do The Opposite Studio, em Sanbao, de onde seguimos para ver o Studio. Foi-nos explicado detalhadamente a forma de funcionamento, num inglês perfeito. Aqui toda a comunicação é extremamente difícil uma vez que os locais não falam outras línguas.
O local de trabalho é partilhado com um pequeno grupo de pessoas que constituem a equipa de design e técnica da fábrica.
The opposite studio , as artistas portuguesas com a equipa chinesa |
Sanbao, na cidade de Jingdezhen, é um importante centro de produção e venda de cerâmica. Visitámos inúmeras fábricas, ateliers de artistas plásticos, alguns destes estrangeiros, lojas e uma das mais importantes produções de potes de grande escala, realizados a partir de rodas de oleiro manuseada por cinco homens ao mesmo tempo.
Fábrica de vasos de grande formato |
recuperação de um forno imperial ( interior) |
Um muro em Sanbao construído com assemblage de diversas cerâmicas. |
O trabalho iniciou-se com a experimentação das diversas pastas de porcelana e de grés que nos confrontaram com matérias profundamente distintas daquelas a que estamos habituadas a trabalhar na Europa. As pastas locais são muito mais macias e menos plásticas que as nossas o que se tornou um estimulo para as primeiras experiências. Salientamos que o apoio técnico é extremamente competente e profissional, e assim tivemos sempre o apoio que necessitámos para resolver qualquer situação. Quando não foi possível resolver as dificuldades que nos surgiam no Studio levavam-nos a outras fábricas especializadas no trabalho que precisávamos de desenvolver.
Visitámos uma fábrica de produção de placas de porcelana de escala enorme, produzidas manualmente, entre outras e lojas de materiais e ferramentas especializadas que existem na cidade e arredores, cuja oferta é infinita.
Visitámos uma fábrica de produção de placas de porcelana de escala enorme, produzidas manualmente, entre outras e lojas de materiais e ferramentas especializadas que existem na cidade e arredores, cuja oferta é infinita.
Loja de vidrados e pigmentos em JingdezhenAdicionar legenda |
Loja de pincéis e papel chinês |
Amostras numa loja de vidrados. |
A cerâmica é uma área de trabalho com várias exigências técnicas e artísticas e o tempo revela-se sempre pouco para a concretização de obras mais complexas. Os tempos de secagem não podem ser comprometidos e isso obrigou-nos a encontrar soluções exequíveis neste período de tempo.
Cada uma de nós traçou o seu percurso entre as ideias que trazíamos, o que os materiais nos inspiraram e os muitos inputs que o local nos influenciou.
Cada uma de nós traçou o seu percurso entre as ideias que trazíamos, o que os materiais nos inspiraram e os muitos inputs que o local nos influenciou.
Trabalho no Studio, Beatriz Horta Correia e Susana Piteira e Graça Pereira Coutinho a trabalhar na fábrica de placas.
Alternámos o nosso trabalho no studio com várias visitas a museus, galerias, estudios de artistas, outras fábricas e centros de cerâmica. Jingdezhen é de facto uma cidade única no que diz respeito à cerâmica, tudo aqui funciona em torno desta actividade, com diferentes perspectivas e sentimos que é um privilégio poder ter contacto com esta realidade. Isto só por si já é uma grande aprendizagem. Jingdezhen, uma cidade com cerca de um milhão e meio de habitantes, e é actualmente uma plataforma internacional para grandes projectos artísticos e de design em cerâmica.
O nosso studio e pequenas fábricas que o circundam, está localizado num vale cercado de montanhas com imensa vegetação densa e exuberante onde é um prazer trabalhar.
O nosso studio e pequenas fábricas que o circundam, está localizado num vale cercado de montanhas com imensa vegetação densa e exuberante onde é um prazer trabalhar.
Futuro Museu dos Fornos Imperiais |
Museu de Tao Xi Chuan, exposição Cerâmica contemporânea. |
Quase todos os dias o studio recebe visitas de artistas, empresários que procuram fábricas para produzir projectos, e ainda curadores de exposições de várias nacionalidades, entre outros.
No Studio com o artista japonês Shiro Matsui |
No Studio com o artista e curador Song Tao e Sky a coordenadora do Studio |
Os nossos trabalhos foram uma forma de dia após dia, na nossa estada, nos aproximarmos de uma realidade cultural muito diferente da nossa e isso constituiu a grande mais valia desta residência. A experiência de estar a trabalhar na China, um país com um grande contraste cultural em relação a Portugal e à Europa, num ambiente de trabalho partilhado com as pessoas locais o que tornou esta experiência incontornável no nosso percurso artístico e pessoal.
Na realidade foi esta diferença cultural e histórica que nos motivou a projectar esta residência, a partir do facto de que já no século XVI os portugueses fizeram enormes encomendas de porcelana para serem produzidas em Jingdezhen através de Cantão e Macau e que chegaram pela primeira vez a Lisboa e à Europa, onde então não se conhecia o “ouro branco” também designado por “bright as silver, white as snow”.
Na realidade foi esta diferença cultural e histórica que nos motivou a projectar esta residência, a partir do facto de que já no século XVI os portugueses fizeram enormes encomendas de porcelana para serem produzidas em Jingdezhen através de Cantão e Macau e que chegaram pela primeira vez a Lisboa e à Europa, onde então não se conhecia o “ouro branco” também designado por “bright as silver, white as snow”.
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